“As válvulas esquentam e o chiado toma a sala, enquanto o dono da casa gira o botão seletor. De repente, uma longa sirene corta o silencia da sala e deixa todos em polvorosa. Em seguida, surgem os acordes do pasodoble Gallito, de Salvador Campello. E o speaker anuncia: A PRA 9, Rádio Mayrink Veiga, 1220 quilociclos, tem a honra de apresentar... o programa Case!!!! (...)De agora, nove da manhã, até a meia-noite, os senhores vão poder acompanhar a mais incrível reunião de estrelas da música, do humor e do rádio-teatro. Vão viajar aos mais suntuosos salões dos palácios austríacos com o quadro Valsas Inesquecíveis. Vão se deleitar com a melodia brejeira dos Arranjos de Pixinguinha e com o horário dedicado às Imagens Sonoras do Brasil...!” (CASÉ, 1995 pág. 19)
Mesmo tendo feito grande sucesso, o programa de Case passava por dificuldades financeiras que, por volta do décimo-quinto programa, já comprometiam sua continuidade. O dinheiro acabou e Case já tinha colocado muitos de seus pertences no prego. Por isso, chamou seus companheiros depois da “irradiação” do programa e avisou a todos que estava saindo do ar. “No dia seguinte ao que tinha decidido encerrar as transmissões, Case teve duas agradáveis surpresas.Quando seguia para o escritório, parou, desolado, em frente à vitrine da F. R. Moreira, uma loja de aparelhos domésticos, na Avenida Rio Branco. Foi aí que o proprietário, a quem já havia, insistentemente, pedido anúncios sem sucesso, lhe fez um sinal, pedindo que se aproximasse. Ele queria saber se Case poderia fazer um horário só com músicas de Carmem Miranda, com o patrocínio da loja. Ademar explicou que não era hábito do programa usar um único artista num horário, mas garantia a presença de grandes nomes do momento como Noel Rosa, Almirante e Francisco Alves. O camarada aceitou e fechou negócio ali mesmo. Um contrato de três meses, a 300 mil réis por mês.”(CASE, 1995, pág. 46)
A partir daí, o rádio e o programa do Case nunca mais foram os mesmos. Anúncios criativos transformaram Case em um dos principais nomes da publicidade radiofonizada. Uma revolução, num veículo que apenas anunciava as gravadoras que cediam os discos para as transmissões no seu início.
CASÈ, Rafael. Programa Case, o rádio começou aqui. Rio de Janeiro: Mauad, 1995 (fonte: http://www.jornalismo.ufsc.br/redealcar/cd/grupos%20de%20trabalho%20de%20historia%20da%20midia/historia%20da%20midia%20sonora/Baldo.doc)